Beatificado pelo Papa Bento XV em 1918 foi hoje, em Roma, canonizado o Condestável Nuno Álvares Pereira, até agora Beato Nuno de Santa Maria.
O povo, na sua sabedoria, desde há séculos que o crê merecedor de tal estado, por isso, lhe chama Santo Condestável. A sua bondade já era referida nas Crónicas de Fernão Lopes e na Crónica do Condestabre, escritos do Séc. XIV. Também na Poesia, Fernando Pessoa escreve, na Mensagem, sobre Nun’Álvares Pereira e a auréola que o cerca.
D. Nuno Álvares Pereira, foi determinante para a consolidação da independência de Portugal na crise de 1383-85, como Condestável do Reino, isto é como chefe militar dos Exércitos de Portugal, tendo sido o seu maior feito militar a vitória portuguesa na memorável Batalha de Aljubarrota, que ocorreu na tarde de 14 de Agosto de 1385.
Porém, não é por nada disso que Nuno Alvares Pereira foi proclamado santo, mas porque apesar de ser a segunda figura do reino, estimado e considerado pelo Rei e por todos os seus contemporâneos, respeitado e admirado até pelos seus antigos adversários castelhanos, D. Nuno renunciou a todas as honras, distinções e poderio temporal e fez-se monge carmelita, entrando para o Convento do Carmo que ele próprio mandara construir em Lisboa.
Desde que professou na Ordem do Carmo, este “grande do Reino”, passou a andar descalço, de hábito carmelita, a pedir esmolas para os pobres pelas ruas de Lisboa, vivendo uma vida de oração e penitência, amor aos mais pobres e especial devoção à Mãe de Deus.
Logo, pouco depois da sua morte, a fama de santidade de D. Nuno Alvares Pereira se começou a espalhar, de tal modo que sete anos depois, o Rei de Portugal pediu ao Papa a sua canonização.
Entretanto o seu culto crescia e alastrava a outros países, a começar pela própria Espanha que não guardou ressentimentos pelo seu antigo adversário político-militar e reconheceu nele um exemplo de bondade e dedicação aos pobres.